sexta-feira, 9 de dezembro de 2011

REUNIÃO DE CÂMARA DE 09-12-2011



 PONTO Nº 11

Grandes Opções do Plano e Orçamento para 2012



Da análise que nos mereceu a proposta de Plano e Orçamento para 2012, queremos salientar o seguinte:

Ponto prévio- Diz-se na introdução, "que estes documentos são de importância primordial para a gestão autárquica". De facto, deveriam ser. Mas a realidade tem mostrado algo muito diverso. Com efeito, todos sabemos que as alterações orçamentais são frequentes, e por cada uma delas, ocorrem modificações compulsivas a toda a estrutura agora programada . Por isso, e face ao comportamento dos exercícios anteriores, o que hoje se aprova, vai traduzir-se em algo completamente diverso. E daí a conclusão: Nem sempre estes documentos são de importância primordial. E dizemos isto sem qualquer complexo. Já fomos poder, e nessa medida, já apresentamos documentos iguais a estes. Estranhamos contudo, que nesses tempos se ouvissem vozes críticas, e hoje, se aceitem sem reparo, as mesmas práticas. Novos tempos...e as mesmas gentes, ou "olhem para o que eu digo, mas não olhem para o que eu faço"!....

Dito isto, importa agora acrescentar o seguinte:

Desde logo, e apesar da crise, a Câmara Municipal programa arrecadar um valor próximo dos 27,5 milhões de euros durante o ano de 2012. Isso significa uma média mensal de 2,25 milhões de euros. Como se vê, trata-se de muito dinheiro. Cerca de 450.000 contos em moeda antiga. Ora, este dinheiro, fruto dos impostos e das taxas arrecadadas, dado o seu volume, deve merecer uma gestão cuidada, capaz de reverter para a sociedade marcuense, estímulos ao crescimento económico e acréscimos na sua qualidade de vida. E o que vemos?

Desta receita, 60% é canalizada para despesa corrente, logo, consumo, e o restante é canalizado para investimentos. Estamos assim, perante um estigma que nos condena, porque importante seria, que esta relação fosse invertida, mesmo tendo em conta os encargos com a amortização da dívida, na casa dos 10%.

A grande medida orçamental, a exemplo do que se passa no país, teria de incidir na poupança. E os grandes agregados da despesa, mostram sem reservas, um enorme espaço para  explorar. desde logo, as despesas com pessoal. Só por si, absorvem 27% da receita. De forma simples, por cada euro, 27 cêntimos destinam-se a cobrir despesas com pessoal. Não vamos discutir se os funcionários são ou não necessários.

Mas vamos colocar a pergunta: estarão estes funcionários a ser aproveitados de forma óptima e racional? Do efeito da sua acção, geram-se mais valias para o município, ou pelo contrário, estaremos perante um foco de desperdício? E se se trata de desperdício, a sua génese é fruto da incapacidade e da limitação do funcionário, ou é o efeito consequente do laxismo dirigente, com relevância primordial no Executivo, a quem não são conhecidas na vida real, quaisquer experiências de acção no terreno? A função pública -o funcionário- pode e deve ser avaliado, e o resultado da sua avaliação terá de radicar na eficiência e simpatia como acolhe o munícipe que serve, e na produtividade que acresce ao seu sector.

E, será que não existem unidades de apoio a mais, em particular no sector político e dirigente?

Depois, ao nível da aquisição de serviços, há gorduras que são incompreensíveis. A autarquia prevê gastar, quase 6 milhões de euros, um número muito próximo dos 500.000 euros /mês. E reparem só:

a) Em estudos, pareceres, projectos e consultadorias, 359.332 euros. Será que os nossos consultores jurídicos, os nossos engenheiros, os nossos arquitectos, os nossos vereadores, não seriam capazes e competentes, de assumir em tempos de crise, a execução destas tarefas, poupando assim esse dinheiro?

b) E os outros trabalhos especializados, com uma dotação de 545.000 euros? Que trabalhos são estes? A nossa estrutura técnica e operativa, não conseguiria ser solução?

c) E os outros serviços, com uma dotação de 309.000 euros? Trata-se de uma verba residual, onde tudo cabe, condenada por isso, a uma das muitas alterações orçamentais futuras. Mas o seu valor não é irrelevante. Quase 60.000 contos!!!

d) Mas há mais! Veja-se a página 7 e 8, e podemos garantir-vos, que se este orçamento fosse executado pelos marcuenses, uma enormíssima maioria, pegaria na faca, e cortaria verbas de cima a baixo, e se calhar, no fim do ano, com menos meios, apresentaria os mesmos - ou melhores-resultados.

Mas fiquem cientes de uma coisa, em ferramentas e utensílios, gastariam mais que os simples 5.000 euros ali inscritos.

Reparem na imagem deste orçamento, que é a imagem deste Executivo: Em limpeza e higiene vão despender-se 30.000 euros. Para ferramentas e utensílios, aquilo com que se trabalha,...5.000 euros!

Uma nota final sobre o serviço da dívida. Os juros representarão 981.400 euros. É muito dinheiro. Mas, para bandeira do Executivo, convém ter presente, que representa quase 3,5% da despesa total! E as amortizações atingirão 2,65 milhões de euros, quase 9,6% da mesma despesa. Falamos por isso, de um total aproximado de 13%, que em valores relativos é aproximadamente o custo do passivo da autarquia, em Dezembro de 1982.

Ficamos por isso, perfeitamente esclarecidos. Este orçamento não tem em conta a realidade do país, das famílias e das empresas do Marco de Canaveses. Habituado a gastar, continua a dar sinais de que vai continuar a fazê-lo, e a fazê-lo da pior forma. Ainda que, e porque ninguém é ingénuo, tal política possa ser uma ferramenta improvisada, que vá ajudar a caboucar vantagens político-partidárias para um futuro muito próximo. Só que, e vale  a pena sublinhá-lo, a vantagem é de muito poucos, em detrimento de muitíssimos mais.

Sem poupança ao nível da despesa corrente, é natural que o plano de investimentos se ressinta. E este, francamente, vem na linha dos anteriores. Por muito esforço que façamos, custa-nos vislumbrar onde está a obra deste Executivo. E vale a pena ter presente, que nestes últimos 6 anos, entraram nos cofres da autarquia, mais de 150 milhões de euros. Mais de 30 milhões de contos!!!

E agora que vemos neste plano? Um transporte pensado para 2013. Quem o vir, apercebe-se que o exercício já está feito para 2013, o ano das eleições.

De facto,

1. Dá-se seguimento a compromissos celebrados entre 2007 e 2012, afectando valores na ordem dos 250.000 euros.

2. Inscrevem-se projectos badalados desde 2008, com verbas de 100 euros cada, em situações onde, pelo menos num deles, a despesa a assumir rondará os 3 milhões, e que por isso, não terão qualquer execução em 2012, iludindo assim, alguns" distraídos" da nossa praça.

3. Cabimenta-se, em condições de evoluir, o centro escolar de Vila Boa do Bispo. E já agora, alertamos para que o projecto seja bem visto, já que num caso, é conhecida a posição dos pais, onde numa escola nova, não se dimensionou a cobertura, e no inverno, para educação física, só se for à chuva.

4. Depois, assistimos a uma concentração de projectos a evoluir entre 2012 e 2013, na área da cidade, ignorando expectativas legítimas, de uma população que se espalha pelos 202Km2 do concelho. E mais grave, temos sérias dúvidas de que esses projectos possam redundar em benefício dos marcuenses. Pelo contrário, pensamos mesmo que, só por falta de ideias, e talvez de experiência, é que a autarquia se compromete com a execução dessas obras. O "plafond" dos fundos comunitários poderia bem, ser aproveitado para projectos que acrescentassem mais valia sustentável à qualidade de vida dos marcuenses. E estes projectos, francamente, não apostamos neles.

5. Mas este plano de investimentos realça a olho nu, uma realidade que se tem omitido. A autarquia vai promover obras no âmbito das hidraulicas em algumas freguesias, afectando a este fim, cerca de 900.000 euros. Estamos de acordo em fazer esses trabalhos. Mas porquê a Câmara? Será que os fundos comunitários não seriam necessários para outros projectos? Ou não há ideias para se concretizarem, enquanto há fundos? Nessa medida, este plano não traz a solução para as águas e o saneamento no Marco. E ao fim de 6 anos, mais um associado a este plano, aquilo que a autarquia acrescenta à qualidade ambiental, é práticamente nula. E tanto se falou em água e saneamento num passado recente!....

Para concluir, gostariamos de deixar aqui, bem expressas, as palavras de um conceituado gestor da nossa praça, e que não é natural do concelho. Dizia ele, que apesar de ser mais caro, entregava as suas obras, a empresas do Marco. Porque acreditava no Marco. E porque o dinheiro desses trabalhos ficava no concelho, aqui fluía, e aqui gerava riqueza. Um conceito bonito, que deve merecer as nossas palmas e , sem favor, ser seguido por quem nos governa.


Por isso se lamenta, que ainda persistam com atraso de anos, dívidas a empreiteiros , fornecedores e entidades, esmagando empresas e trabalhadores, num cenário de crise global, onde o encerramento e o desemprego são abutres prontos a actuar, e com isso, depauperando de forma relevante, o tecido empresarial marcuense que tanto se apregoou defender.

Por tudo isto, e por aquilo que nos vai na alma, temos de ser responsáveis e votar contra os documentos que aqui estão em análise.            

Mais solicitamos que a presente declaração de voto faça parte na íntegra da acta que vier a ser lavrada desta reunião ordinária. 


Marco de Canaveses, 08 de Dezembro de 2011


Os Vereadores do Movimento Marco-Confiante com Ferreira Torres,

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                       (Avelino Ferreira Torres)                        (Bruno Magalhães)

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